quinta-feira, setembro 03, 2009

O Casa Cor e a ignorância

Matéria na Revista de Domingo, do JB, sobre o Casa Cor, evento de arquitetura de interiores. Num dos ambientes o jornalista destaca a "mesa com as formas criadas por Burle Marx". Acontece que as tais formas são as famosas ondas do calçadão de Copacabana, que devem estar lá há uns 100 anos (Burle Marx estaria completando 100 anos agora). Antes disso, elas já estavam nas calçadas próximas à Torre de Belém, em Portugal, construídas em... pedra portuguesa!

Não sei se essa burrada foi dita pelo arquiteto responsável pelo ambiente ou foi uma "sacada" do jornalista. Se foi o decorador, o jornalista embarcou como um idiota na batatada, então é co-autor. Para a informação do iletrado em questão, as formas que Roberto Burle Marx criou nas calçadas de Copa estão na calçada junto aos prédios e no canteiro central, que até têm uns trechos "citando" as ondas. A calçada de ondas está junto à praia.


domingo, julho 05, 2009

Silverstone, eu fui

É moda hoje esse negócio de "coisas a fazer antes de morrer", ou "to do list", ou ainda mais tragicamente o que os gringos chamam de "bucket list". Na minha, desde garoto, tem assistir o GP de Mônaco no Principado. Este ano, como sou um cara flexível, transferi esse item para o fim da lista. Não, não fui ocupar um dos milhares de lugares vazios em Monte Carlo. Tradição por tradição, aproveitei uma coincidência de datas e resolvi aproveitar minha passagem pelas ilhas para assistir ao que pode ser o último GP Britânico (e não da Inglaterra), que deve ser substituído por alguma corrida em Ouagadugu ou Sanaa, quem quer que pague mais. E, se nas últimas corridas o público tem sido arredio, em Silverstone foram mais de 300 mil pessoas em três dias, lotando o velho aeroporto.

Depois da tensão de não saber se ia encontrar os ingressos na recepção do hotel no sábado antes da corrida, madruguei para pegar o coach que nos levaria até Silverstone. O trem seria uma opção mais barata, mas eu perderia todas as corridas preliminares. Nos atrasamos por culpa da insuspeitada falha dos ônibus londrinos em cumprir horários e tivemos que pegar um taxi até o ponto de partida. Chegamos a tempo de ainda comprar um lanchinho pra viagem e tomamos o ônibus cheio de espanhóis, japoneses e alemães. Dormi a maior parte dos 100 quilômetros do caminho e só acordei quando já saíamos da M1. O tempo não podia ser mais inglês: vento frio e céu nublado. Baita verão! Desembarcamos atrás das arquibancadas da Woodcote e já se ouviam os motores da molecada da F-BMW saindo dos boxes.

Já entramos pela área dos quiosques, para perder mais algum dinheirinho. Nada muito diferente de qualquer outro autódromo, exceto que o stand da Ferrari era o mais vazio. Obviamente o que se via era um mar de bonezinhos "marca texto" do Button, misturados a centenas de outros "rocket red" do Lewis. Apesar do mico total do campeão e do relativo fracasso do líder atual do campeonato nos treinos de sábado, a turma era só otimismo. Sempre disseram que a torcida inglesa era volúvel e ninguém ali parecia lembrar que o queridinho do momento nem era mencionado há um ano. Meu filho tinha resolvido desde a partida do Brasil que ia comprar mais um boné do Button para sua coleção, mas achou o produto meio vagabundo e decidiu apostar no alemãozinho que ia largar na pole. Realmente os produtos da Red Bull matam a pau.

Nossos ingressos eram Free Admission, ou seja, para a "geral", coisa que aqui em Interlagos não existe. Lá existem essas "populares", além de permitirem acampamento nas redondezas. O problema é que a inglesada é bem mais preparada e já tinha enchido todos os melhores lugares junto ao alambrado com suas cadeiras de lona. Resolvi ficar na saída da Copse para ver a curva que sempre me arrepiou na TV e dali ainda dava pra ver quem saía dos boxes. Além disso tínhamos telão (Silverstone TV, com comentaristas diferentes da BBC), lanchonetes e banheiro. Mais ou menos o que temos por aqui, mas bem mais civilizado. O podrão mata, o banheiro fede e tem fila, mas as pessoas dizem toda hora "sorry, sorry". Sim, também tem uns palhaços fantasiados e bêbados (Batman e Robin etc.), mas nada comparado aos pentelhos do Setor G.

Primeiro rolou a F-BMW da molecada, com boa atuação do Nasr, depois a GP2, com atuação fraca do Valério, vencedor de sábado, e ridícula do di Grassi (The Grass, pelas rodadas). A sensação daqueles carros fazendo a Copse no talo e o ronco dos que trepavam os pneus na zebra realmente... Intervalo na velocidade e tempo de homenagens: primeiro a parada dos pilotos e umas voltinhas do F1 biplace com alguma "celeb" felizarda, acho que a filha de Sir Mick Jagger, e em seguida o deleite de ver a Matra-Ford pilotada por Sir Jackie roncar o velho Cosworth. Ainda havia vários Sir's presentes, dentre eles Sir Stirling e Sir Richard Branson. Não, Mosley não é Sir Max... ainda! Como última atração antes da corrida, um mega show aéreo com os Red Arrows. Inglês adora corridas de carros e aviões (e eu também), porque não juntar os dois?


Pronto, chega de rolo e bota os carrinhos pra correr, Tio Bernie! Esqueçam a politicagem e vamos ver corrida. Bem, na verdade corrida só do décimo para trás. O Vettel nem tocava a zebra da Copse de tão mais rápido que estava. O prazer era só em ver os carros contornando aquela curva a quase 300 como se estivessem colados no chão. Os ingleses, então, estavam meio cabisbaixos. Jenson preso atrás de Toyotas e Lewis na grama. Tudo bem, o atual campeão é deles e o futuro também. Diferente daqui, ninguém foi embora antes do fim da corrida porque "os nossos garotos" estavam lá atrás. No final, venceu o "cavalo" no qual meu filho tinha apostado (meio previsível) e os ingleses acertaram o hino da Red Bull. Eles são bons nisso também.

Para finalizar, outro deleite: o Desafio de Carros Históricos, com Lolas, Jaguars, Lotus, Cobras, além de uma sensacional Ferrari 512 e seu ronco inconfundível e uma GT40 (original). Como tínhamos tempo até a partida do ônibus, "penetramos" nas arquibancadas da Copse, com a simpática condescendência do funcionário inglês. Quem disse que jeitinho e simpatia são coisa nossa? No caminho para o estacionamento, mais uma surpresinha: uma exibição alucinante do Typhoon, ou Eurofighter. Os ingleses e seus brinquedos...

O que restava era enfrentar a volta, muito mais lenta que a ida, quase 3 horas e meia. Não fez diferença, porque dormi até a Victoria Station.

O que dizer então da infra do autódromo? Motivo de curiosidade minha e de crítica do Ecclestone, além de desculpa para tirar o GP dali e entregar na mão de um aventureiro que comprou Donington, pode ser a razão para tão cedo não haver corrida na Meca do automobilismo. Será que é tão mambembe assim? Achei tudo arrumadinho, limpo e funcional. Nada moderno, mas não deve ser pior que qualquer autódromo europeu. Comparado com Interlagos, que está cada ano mais bonito, achei o acesso muito mais fácil (descontando a viagem de mais de uma hora). Se tivesse comprado arquibancada, tenho certeza que teria mais conforto que aqui, como verifiquei quando invadi a da Copse. A torcida inglesa mandou sua mensagem, e num ano de fracassos de bilheteria, lotou a casa, apesar dos ingressos mais caros da temporada.
No final, Bernie já falava em outro tom, ciente de que a opção de Donington é cavalo manco e tirar a corrida do seu templo é um tiro no pé.

Eu, da minha parte, posso agora adiar meus planos de ir a Mônaco. Vou começar a investir em voar num Spitfire.

sexta-feira, junho 05, 2009

1/4 de século

Ontem... há 25 anos partiu meu pai. Hoje pesquei algumas imagens de trabalhinhos bacanas do velho. Só para ficar em alguns na área automobilística (identidade visual e design de carrocerias).











quinta-feira, abril 02, 2009

Ecoburros

O Greenpeace fez mais um protesto midiático ontem no Rio, desta vez na Ponte Rio-Niterói. O objetivo era chegar aos olhos e ouvidos do G20, reunido esta semana em Londres, clamando aos líderes do mundo "climate and people first". Resultado: a imprensa caiu de pau depois de fazer umas continhas e chegar à conclusão de que o engarrafamento causado pela aventura dos meninos causou a emissão de CO2 extra equivalente ao plantio de 100 árvores. Isso para não falar no aborrecimento causado aos pobres niteroienses já penalisados por greves nos transportes públicos.

A resposta dos responsáveis pelo ato é típica: "um avião gasta mais que isso e ninguém fala nada" etc. Enfim, a causa justifica tudo. Clima e pessoas primeiro? Fumaça adicional e castigo aos habitantes antes. Até hoje, esse tipo de protesto do Greenpeace, já tradicional no Rio, acontecia na encosta do Pão de Açúcar ou na estátua do Cristo. Ao optar pela ponte, deu mais um passo na trilha que desgastou a imagem dos movimentos sindical e estudantil. O "tudo pela causa" (ou os fins justificam os meios) acabaram com todo o crédito que esses movimentos uma vez tiveram com a opinião pública.

Quando esses movimentos abusam da boa-vontade do público, sempre acabam passando de mocinhos do filme para vilões. E a causa vai pro buraco.

segunda-feira, março 02, 2009

Annoying Mr. Moyna, in the city

Cariocas são bonitos, cariocas são bacanas, cariocas são sacanas, cariocas... não sabem usar uma calçada. Sério! Se tem uma coisa irritante por aqui é compartilhar os passeios com a horda. Se você discorda não tem a experiência diária de estar numa calçada estreita no sentido contrário de um grupo "das colega" ou de funcionários com seus crachás no bolso andando lado a lado. Parece um arrastão. Não há para onde ir, exceto o meio da rua. Ou então evaporar. Como um é perigoso e o outro impossível, o negócio é treinar futebol americano e peitar a manada. Às vezes pode ser apenas uma pessoa, mas ela é ixperrta e para não ter que se desviar um milímetro e evitar a colisão, fixa a vista no chão para fingir que você não existe. Você que desvie.

Os casais de namorados também acham que é lindo caminhar de mãos dadas numa calçada com menos de 2 metros de largura. Ninguém passa nem num sentido nem noutro, mas é fofo. Mas se a coisa está ruim, as comadres sempre conseguem piorar: param para aquela fofoquinha bem na esquina mais movimentada e apertada do bairro. Ou então levam o totó para passear com aquela coleira de 5 metros. Ela junto ao meio fio e o cãozinho fazendo xixi no muro (do seu prédio, de preferência) atravessando toda a calçada com a correia. Se você for apressadinho, que aprenda a pular corda, mas cuidado para não cair justo onde bichinho acabou de obrar.

Na chuva é uma delícia, porque o carioca mostra toda a sua consciência e solidariedade. Se você não lembrou do guarda-chuva, não tema, porque você não vai encontrar uma só marquise para protege-lo. Elas estarão ocupadas por pessoas protegendo seus guarda-chuvas da intempérie. Aí você resolve enfrentar a borrasca e apressa o passo para não chegar ao seu destino ensopado, mas acaba chegando igual a um pano de chão e com os olhos vazados pelos guarda chuvas das velhotas. Elas têm uma pontaria fantástica!

Então você chega ao metrô. Uma coisa que ainda deve levar uns 100 anos para aprenderem é uma coisa que, se desrespeitado no Underground londrino, por exemplo, é um caso para impropérios furiosos: se for aproveitar a escada rolante para uma descansadinha, basta ficar à direita e permitir que os outros sigam. Aqui não. O sujeito chega a subir alguns degraus só para emparelhar com outro e bloquear a escada. Para que pressa? Chegou o trem. Vamos embarcar? Só depois que aquela baleia estacionada bem na porta do vagão conceder-lhe a graça de deslocar seu corpanzil e lhe permitir a entrada. Mesmo tendo entrado, ainda é preciso empurrar alguns paquidermes amontoados em torno das portas para chegar ao meio do vagão... totalmente vazio. Antes da composição partir, tente descobrir um local para se segurar, mas se você for baixinho e não alcançar as barras junto ao teto, vai cair no chão, porque as barras que vão até o chão sempre têm algum idiota encostado como puta num poste.

Você chega ao Centro, estação Presidente Vargas, e desemboca em pleno Saara. Cuidado! O mulherio está enlouquecido. Vagam pelas ruas cheias de quinquilharias com o olhar hipnotizado pelas pechinchas. Você não chega a ser nem mesmo um obstáculo para as zumbis. Você não existe. "Ommmmmmmm... blusinhas a 10 reáu... ommmmmm".

Damas obesas são especiais. Sempre carregam "as bolsa", muitas, com os brações bem abertos, no meio da rua, num passo majestático. Quando você acha aquela brechinha para se esgueirar e seguir em frente, a montanha move-se o suficiente para impedir novamente o seu progresso. Resta ficarmos todos seguindo em cortejo.

Não admira que nosso trânsito não funcione. Se nós andamos nas calçadas desse jeito, imagina com uma ou mais toneladas de lata sob nosso comando?

sexta-feira, outubro 24, 2008

Acabou!

Há uma semana não sou obrigado mais a cumprir a rotina da Ponte Rodoviária.

Acabou!

Pelas minhas contas, completei aproximadamente DUAS voltas completas ao planeta Terra (80 mil quilômetros), diferentemente do que afirmei na postagem anterior. Nem Amir Klink!

terça-feira, setembro 02, 2008

É buniiiiiituuuuuuu

É, gente! Postagem depois de SETE (7) meses. No ritmo do falecido Caymmi.

Annoying Mr. Moyna

Quase um ano indo 2 vezes por semana DE ÔNIBUS pra São Paulo. Pelas minhas contas, já deu pra dar a volta ao mundo. Ainda faltam 2 meses de perrengue, mas algumas coisas me irritam mais que gerúndio nessa rotina dos infernos. Tipo gente que leva quentinha pra dentro do ônibus, ou pior, na parada no maldito Graal, em vez de descer e comer feito gente, vai no McDonalds e traz aquela porcaria rançosa pra dentro do ônibus para empestear tudo.

O coreano que fala no Nextel a viagem toda circulando pelo corredor! Pipipí! Pipipí! Ahhhhhhh! Clubber com o i-Pod tão alto que dá pra ouvir na outra ponta do busum e tocando aquela variedade de bate-estacas tshhktkt-tshhkundumtsh. Como a cabeça do animal é oca, ainda reverbera. Filme repetido... caraio! Cheguei a assistir 3 vezes seguidas Como Perder um Homem em 10 Dias. Bom, na verdade só até a cena em que a loura pentelha sacaneia o galã trouxa e não deixa ele assistir à final do basquete. Sempre nessa cena o filme trava. Isso quando o motorista não seleciona dublagem em espanhol e legendas em bahasa. Ou deixa a tela de seleção por uma hora tocando em ciclos a mesma musiquinha depois que o filme acaba.

Algumas variantes das torturas devem ter levado tempo para conceber. Os angolanos são mestres, as mulheres principalmente. Sim, dúzias de angolanos sempre. Adoram sentar na poltrona errada e fazer cara feia quando o dono chega. No ônibus da madrugada, então, alguns clássicos, como o grupo de peões indo ou voltando do "selvissio". Animadíssimos. Sempre tem o comédia, que repete a mesma gracinha vinte vezes. E quando ele descobre que tem água de graça? Nossa! Que alegria! A farra só termina às 3 da manhã. No corujão já teve desgraçado que levou televisão portátil.

Velhinhas são craques. A melhor foi uma imbecil que comprou duas passagens para garantir o lugar vazio ao seu lado num ônibus que só levava 8 passageiros num domingo. Tudo bem, direito dela, mas ela podia ter avisado ao motorista, que ficou maluco esperando o nono passageiro embarcar. Só isso atrasou 20 minutos a viagem.

E eu nem vou falar aqui de gente fedida, feito o protótipo de jovem intelectual paulista que embarcou num sol de 30 graus no Rio de japona fechada. Quando abriu abriu aquilo, pfffffff! Que inhaca! Me lembrou Paris. Vou aliviar crianças também. Os pais é que são os culpados. Mas tem pivete que merece porrada, como um que toda hora ia ao banheiro e deixava a porta aberta, batendo e rangendo a cada curva. Claro, eu estava sentado do lado.

Uma coisa que eu passei a observar é o IP, Índice de Pobreza (de espírito). Como é interessante notar que sempre tem um bando de molambento que já fica de pé no corredor do ônibus, mal a besta avista a Marginal Tietê. Aí fica aquele bando de cretinos chacoalhando em pé por mais 15 minutos. Melhor ainda quando carrega umas 5 bolsas de "prástico" amarradas com "fita têipi". Pobre se amarra "nas bolsa". E nada de colocar no bagageiro, vai tudo sobre nossas cabeças, ameaçando soterrar o pobre infeliz que viaja embaixo.

Ah! Tem os chatos dos celulares. Não ganham do coreano, mas alguns chegam perto. Como o senhor que dava suas coordenadas a cada 45 segundos para uma parente no Terminal Tietê, durante um mega engarrafamento na chegada a São Paulo. "Não, benhê, acabei de passar pelo Center Norte". Isso desde São José dos Campos. Vizinha (de banco) faladeira também é show.

Por isso alguém já me perguntou: "Quantos milhões estão te pagando pra isso?" Tive até vergonha de dizer que toda essa diversão sai do meu bolso.