terça-feira, setembro 02, 2008

Annoying Mr. Moyna

Quase um ano indo 2 vezes por semana DE ÔNIBUS pra São Paulo. Pelas minhas contas, já deu pra dar a volta ao mundo. Ainda faltam 2 meses de perrengue, mas algumas coisas me irritam mais que gerúndio nessa rotina dos infernos. Tipo gente que leva quentinha pra dentro do ônibus, ou pior, na parada no maldito Graal, em vez de descer e comer feito gente, vai no McDonalds e traz aquela porcaria rançosa pra dentro do ônibus para empestear tudo.

O coreano que fala no Nextel a viagem toda circulando pelo corredor! Pipipí! Pipipí! Ahhhhhhh! Clubber com o i-Pod tão alto que dá pra ouvir na outra ponta do busum e tocando aquela variedade de bate-estacas tshhktkt-tshhkundumtsh. Como a cabeça do animal é oca, ainda reverbera. Filme repetido... caraio! Cheguei a assistir 3 vezes seguidas Como Perder um Homem em 10 Dias. Bom, na verdade só até a cena em que a loura pentelha sacaneia o galã trouxa e não deixa ele assistir à final do basquete. Sempre nessa cena o filme trava. Isso quando o motorista não seleciona dublagem em espanhol e legendas em bahasa. Ou deixa a tela de seleção por uma hora tocando em ciclos a mesma musiquinha depois que o filme acaba.

Algumas variantes das torturas devem ter levado tempo para conceber. Os angolanos são mestres, as mulheres principalmente. Sim, dúzias de angolanos sempre. Adoram sentar na poltrona errada e fazer cara feia quando o dono chega. No ônibus da madrugada, então, alguns clássicos, como o grupo de peões indo ou voltando do "selvissio". Animadíssimos. Sempre tem o comédia, que repete a mesma gracinha vinte vezes. E quando ele descobre que tem água de graça? Nossa! Que alegria! A farra só termina às 3 da manhã. No corujão já teve desgraçado que levou televisão portátil.

Velhinhas são craques. A melhor foi uma imbecil que comprou duas passagens para garantir o lugar vazio ao seu lado num ônibus que só levava 8 passageiros num domingo. Tudo bem, direito dela, mas ela podia ter avisado ao motorista, que ficou maluco esperando o nono passageiro embarcar. Só isso atrasou 20 minutos a viagem.

E eu nem vou falar aqui de gente fedida, feito o protótipo de jovem intelectual paulista que embarcou num sol de 30 graus no Rio de japona fechada. Quando abriu abriu aquilo, pfffffff! Que inhaca! Me lembrou Paris. Vou aliviar crianças também. Os pais é que são os culpados. Mas tem pivete que merece porrada, como um que toda hora ia ao banheiro e deixava a porta aberta, batendo e rangendo a cada curva. Claro, eu estava sentado do lado.

Uma coisa que eu passei a observar é o IP, Índice de Pobreza (de espírito). Como é interessante notar que sempre tem um bando de molambento que já fica de pé no corredor do ônibus, mal a besta avista a Marginal Tietê. Aí fica aquele bando de cretinos chacoalhando em pé por mais 15 minutos. Melhor ainda quando carrega umas 5 bolsas de "prástico" amarradas com "fita têipi". Pobre se amarra "nas bolsa". E nada de colocar no bagageiro, vai tudo sobre nossas cabeças, ameaçando soterrar o pobre infeliz que viaja embaixo.

Ah! Tem os chatos dos celulares. Não ganham do coreano, mas alguns chegam perto. Como o senhor que dava suas coordenadas a cada 45 segundos para uma parente no Terminal Tietê, durante um mega engarrafamento na chegada a São Paulo. "Não, benhê, acabei de passar pelo Center Norte". Isso desde São José dos Campos. Vizinha (de banco) faladeira também é show.

Por isso alguém já me perguntou: "Quantos milhões estão te pagando pra isso?" Tive até vergonha de dizer que toda essa diversão sai do meu bolso.

1 Comments:

Blogger Robson Moraes said...

Não tinha lido essa crônica ainda. Mas posso assinar embaixo de tudo o que você escreveu, depois de mais de um ano e meio indo e voltando daquela terra maldita a cada quinze dias.

Só o fato de passar embaixo daquela placa "Bem-vindo ao Rio de Janeiro" já me tirava um peso das costas, mesmo sabendo que ainda teria Seropédica, Caxias e Penha pela frente.

Gostaria de acrescentar às suas memórias de ponte rodoviária um fato que presenciei. Altas horas da madrugada, acordo com uma porra de uma música em algum lugar. Pensei "tem algum filho da puta com iPod vazando som". Olhei em volta e não achei ninguém usando essa praga. Após meu sono e meu humor irem pra casa do caralho, resolvi ir pedir ao motorista que tomasse uma providência. Ao abrir a porta de acesso à cabine do dito cujo, descobri de onde vinha a maldita música. Era o próprio, com o seu radinho de bordo ouvindo música brega. Pedi bem pouco educadamente que o infeliz abaixasse aquela merda e, ao ouvi-lo murmurar algo com cara de quem chupou limão e me pedir desculpas, pelo sotaque percebi que era paulista. Não sei porque não me surpreendi.

2:33 PM  

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