segunda-feira, março 02, 2009

Annoying Mr. Moyna, in the city

Cariocas são bonitos, cariocas são bacanas, cariocas são sacanas, cariocas... não sabem usar uma calçada. Sério! Se tem uma coisa irritante por aqui é compartilhar os passeios com a horda. Se você discorda não tem a experiência diária de estar numa calçada estreita no sentido contrário de um grupo "das colega" ou de funcionários com seus crachás no bolso andando lado a lado. Parece um arrastão. Não há para onde ir, exceto o meio da rua. Ou então evaporar. Como um é perigoso e o outro impossível, o negócio é treinar futebol americano e peitar a manada. Às vezes pode ser apenas uma pessoa, mas ela é ixperrta e para não ter que se desviar um milímetro e evitar a colisão, fixa a vista no chão para fingir que você não existe. Você que desvie.

Os casais de namorados também acham que é lindo caminhar de mãos dadas numa calçada com menos de 2 metros de largura. Ninguém passa nem num sentido nem noutro, mas é fofo. Mas se a coisa está ruim, as comadres sempre conseguem piorar: param para aquela fofoquinha bem na esquina mais movimentada e apertada do bairro. Ou então levam o totó para passear com aquela coleira de 5 metros. Ela junto ao meio fio e o cãozinho fazendo xixi no muro (do seu prédio, de preferência) atravessando toda a calçada com a correia. Se você for apressadinho, que aprenda a pular corda, mas cuidado para não cair justo onde bichinho acabou de obrar.

Na chuva é uma delícia, porque o carioca mostra toda a sua consciência e solidariedade. Se você não lembrou do guarda-chuva, não tema, porque você não vai encontrar uma só marquise para protege-lo. Elas estarão ocupadas por pessoas protegendo seus guarda-chuvas da intempérie. Aí você resolve enfrentar a borrasca e apressa o passo para não chegar ao seu destino ensopado, mas acaba chegando igual a um pano de chão e com os olhos vazados pelos guarda chuvas das velhotas. Elas têm uma pontaria fantástica!

Então você chega ao metrô. Uma coisa que ainda deve levar uns 100 anos para aprenderem é uma coisa que, se desrespeitado no Underground londrino, por exemplo, é um caso para impropérios furiosos: se for aproveitar a escada rolante para uma descansadinha, basta ficar à direita e permitir que os outros sigam. Aqui não. O sujeito chega a subir alguns degraus só para emparelhar com outro e bloquear a escada. Para que pressa? Chegou o trem. Vamos embarcar? Só depois que aquela baleia estacionada bem na porta do vagão conceder-lhe a graça de deslocar seu corpanzil e lhe permitir a entrada. Mesmo tendo entrado, ainda é preciso empurrar alguns paquidermes amontoados em torno das portas para chegar ao meio do vagão... totalmente vazio. Antes da composição partir, tente descobrir um local para se segurar, mas se você for baixinho e não alcançar as barras junto ao teto, vai cair no chão, porque as barras que vão até o chão sempre têm algum idiota encostado como puta num poste.

Você chega ao Centro, estação Presidente Vargas, e desemboca em pleno Saara. Cuidado! O mulherio está enlouquecido. Vagam pelas ruas cheias de quinquilharias com o olhar hipnotizado pelas pechinchas. Você não chega a ser nem mesmo um obstáculo para as zumbis. Você não existe. "Ommmmmmmm... blusinhas a 10 reáu... ommmmmm".

Damas obesas são especiais. Sempre carregam "as bolsa", muitas, com os brações bem abertos, no meio da rua, num passo majestático. Quando você acha aquela brechinha para se esgueirar e seguir em frente, a montanha move-se o suficiente para impedir novamente o seu progresso. Resta ficarmos todos seguindo em cortejo.

Não admira que nosso trânsito não funcione. Se nós andamos nas calçadas desse jeito, imagina com uma ou mais toneladas de lata sob nosso comando?