quarta-feira, junho 28, 2006

Carta a um amigo

Bom, amigo. O que dizer? Em primeiro lugar que sua falta será sentida, sim, apesar de saber que você não desaparecerá, apenas não estará ali na mesa do nosso "buteco" virtual. Me parece que você está passando pelo mesmo problema, por vias diferentes, que passou o velho gaudério. Esse sim desapareceu do mundo virtual. Mas o que é o mundo virtual? Nós do buteco e mais alguns não somos amigos virtuais, somos compadres reais. O fato do amigo morar no cu do mundo só complica um pouco.

O importante é que você espante a pindaíba, passe mais tempo com as "crianças" (enquanto elas não se mandam pelo mundo) e que resolva essa encrenca profissional. Se eu, com 44 e às vistas de todos, estou há 7 meses sem trabalho, imagino a merda de se ter 3 filhos e estar numa encruzilhada dessas. Eu só tenho um filho, que me custa zero para estudar e moro no meu próprio apartamento. Estou me virando com o figuitis e mais uma graninha guardada. Não é o que eu sonhei para mim, mas é o que se me apresenta.

As decisões têm que ser tomadas e você começa a tomá-las. Eu, da minha parte, estou também fazendo planos, pela primeira vez na vida. Planos para o Gui e, talvez, pra mim. Agora é a hora. Nunca fiquei 15 dias sem trabalhar nos últimos 22 anos e agora estou passando por um período estranho. Sem trabalho e sem desespero. Isso tem seu lado bom. Tenho ficado de olho no Gui. Tenho pensado em "bobagens", sonhos, planos, idéias e as minhas maluquices. Tenho visto a Copa do Mundo. As pessoas me acenam com projetos mirabolantes que não vão se concretizar. Eu rio, finjo que pego a onda, dou força e volto pra minha casa pra me comunicar com meus amigos, ou bater papo com o moleque.

Você tem que se cuidar, velho. Que bom que maman está aí para dar força e colocar as tartaruguinhas debaixo da asa (tartaruga com asa?). Não importa que o garoto porrou o carro, ou qualquer outra dor de cabeça. Eles são nossa alegria. Atualizar o currículo é coisa que se deve fazer SEMPRE. Eu não tenho podido fazê-lo porque não há nada para por lá. Sei que é foda arrumarem trabalho prum cara da tua idade (ou da minha), mas o Brasil e o mundo são enormes.

Quanto a aparecer por aí, nunca desista. O portuga me convida há 3 anos para ir visitá-lo. No dia que a Pat morreu o cara me ligou de lá e me INTIMOU a comparecer. Quando minha velha morreu, ligou de novo. Sabe-se lá como soube e como achou meu telefone novo. Vou dar uma incerta lá daqui a uns meses. Nunca imaginei que fosse acontecer, mas acontecerá. A vida pode ser madrasta, mas de vez em quando dá uns presentinhos. A desgraçada não é tão ruim assim.

É isso aí. Bola pra frente, apareça quando puder e as portas da mansão Moyna continuam abertas. É pobre mas limpinha.