quarta-feira, maio 26, 2004

Galvanês arcaico

Ninguém é obrigado, mesmo sendo profissional de imprensa falada, a pronunciar perfeitamente os nomes de estrangeiros nos seus idiomas natais, nem anglicismos e outras apropriações idiomáticas, mas o locutor que está há "30 anos cobrindo a F1" exagera.

Vamos a uma lista que me incomoda particularmente:
"Chinqueine", para chicane, chicana, gincana ou variante.
"Jêison" Button para o piloto da BAR, Jenson.
"Hans" Harald Frentzen para o ex-piloto de F1 alemão Heinz-Harald.
Mark "Véber" para o australiano Webber, como se ele fosse alemão.

Isso para ficar apenas na pronúncia errada. Ainda há as expressões idiomáticas "galvanesas" como "por sobre", "limite-extremo" (nunca limite apenas) etc. O problema principal, e o que me incomoda mais nesse dialeto, é que o autor certamente sabe que está errado, mas repete à náusea até que o populacho (ou outros locutores imitadores) saia repetindo suas sandices.

Já que estamos nessa rica seara, o que dizer dos propalados "30 anos de F1"? Eu assisto a corridas na TV e rádio há 32. Até 78 a F1 estava na Globo, portanto, até 26 anos atrás. O Galvão só veio para a Globo quando a F1 voltou à emissora, nos anos 80. Poderíamos considerar o rádio, mas eu tenho quase certeza que em 1974 ele não estava trabalhando em F1. Além disso, fica sempre subentendido que os "30 anos" foram na TV. E mais: esses "30 anos" são arrotados desde o ano passado, às vezes variando para "quase 30".

Pior é a situação do Reginaldo Leme, esse sim com 30 anos de F1, que fica na obrigação de se calar diante de tais disparates.