terça-feira, julho 17, 2007

A Batalha do Maracanã

Fui dormir no dia 12 último tentando me esquecer do que enfrentaria no dia seguinte. Acordei atrasado e parti para o Quartel General afobado, depois de juntar meu equipamento. Encontrei nosso comandante absolutamente apoplético: todos os planos, recursos e mesmo o terreno do combate haviam sido mudados... para pior. A vitória seria impossível. A sensação era a de partir numa missão suicida.

Recebi uma missão espinhosa de suporte: com novos camaradas que nem conhecia, deveria planejar às pressas e por em prática uma estratégia de deslocar efetivos que não paravam de crescer para desembarcar na zona de combate a partir de vários pontos diferentes, enquanto, simultaneamente, ocuparíamos uma área para aquartelamento nas proximidades da batalha.

Enviei meus novos camaradas aos seus destinos e parti para a minha posição. A ocupação foi facilitada por elementos previamente e estrategicamente infiltrados e resultou bastante tranqüila, mas a chegada dos veículos após o desembarque foi um tanto caótica. O planejamento que havia feito de última hora a partir de reconhecimento aéreo e informações da inteligência acabou se mostrando falho. A chegada dos veículos ao local tampouco seguiram o plano e foi preciso muita agilidade para acomodarmos tudo às mudanças repentinas.

Enquanto isso, pelo rádio, chegavam os gritos de nossos camaradas no front. Senti-me impotente por não poder estar ao lado deles, mas sabia da importância, mesmo que subalterna, da minha missão. A luta, entretanto, não parecia estar sendo perdida. Os veículos que chegavam até a nossa posição significavam que o desembarque estava ocorrendo melhor do que o previsto. Após a chegada do último transporte, me comuniquei com a frente de combate e, aparentemente, a primeira etapa estava cumprida. Desembarcamos!

Restava agora a retirada. Enviei de volta a frota para retirar nossos efetivos do front, seguindo os comandos que me chegavam entre os gritos desesperados vindos de camaradas cercados. A medida que os veículos chegavam e eram ocupados, enviava mais alguns, até que toda a frota partiu. Por último, enviei o transporte para a equipe de desembarque, que retornou à base sã e salva. Mal podia crer que tínhamos saído vivos daquilo. MISSÃO CUMPRIDA! Inacreditável! Encontrei os camaradas ou me comuniquei com eles e todos tinham histórias emocionantes de heroísmo e superação. O que era impossível foi alcançado. A guerra não havia acabado, mas essa vitória nos deu força para seguir lutando, apesar de tudo.

(relato feito após a operação de transporte dos convidados para a cerimônia de abertura dos Jogos Pan-americanos Rio 2007)