quinta-feira, janeiro 11, 2007

Ridículos urbanos

Outro dia um famoso colunista inglês traduziu parte da minha inquietação diante dos SUVs que pululam pelos grandes centros do mundo. "É como se um sujeito fosse trabalhar num banco no centro vestido de cowboy".

Mas os escravos da moda não ligam. Seguem entupindo ruas e estacionamentos com seus pequenos caminhões cuspindo fumaça de diesel, moendo o já molambento asfalto da cidade e atirando seus compactos carros de combate sobre indefesos motoristas, não agraciados com a disponibilidade da pequena fortuna necessária para a aquisição dos mamutes mecânicos. Muitos deles custam o equivalente a um apartamento de 2 quartos, como o meu. Alguns até mais.

E lá vão as moçoilas com seus 4x4 levar o lulu na pet shop, o mauricinho engata a tração integral para subir a rampa do shopping e o senhor gordo, com alguns adesivos aludindo a aventuras off road, segue rumo ao Iate Clube. A enorme maioria desses carros nunca pisou na terra. Seus donos não sabem ler um guia de ruas, mas no painel faiscam a bússola, o inclinômetro e o GPS.

No vácuo dessa onda, as espertas montadoras apareceram com os mesmos carrinhos fuleiros de sempre, mas fantasiados de exploradores do sertão bravio. Ultimamente, pelo menos, começaram a abolir os quebra-matos (!!!), mais usados como quebra-joelhos. O melhor deles é o Ecosport da Ford, carro que não passa de um Escort (quase um anagrama) de galochas feito para os maridos mais muquiranas enganarem as esposas famintas por um carro robusto para mostrar às amigas. Elas pensam que possuem um offroad e largam o pé deles. E ainda "é uma gracinha".